terça-feira, 25 de agosto de 2009

LEMBRANÇAS

Encontrei, em álbuns velhos, fotografias de alguns dos meus trabalhos. As fotos estão desfocadas, faltando pedaços, péssimas! Todavia, já não tenho comigo a grande maioria dos quadros, foram vendidos na última exposição, em 1994. Vou mostrar as fotos que encontrei assim mesmo, horríveis!

Lembro que quando os fotografei, não podia fazer esforço naquele momento porque havia me submetido a uma cirurgia. Resultado: a sessão de fotos foi um fiasco total. Fazer o quê? Vejamos alguns, então!














Jandira

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

IGNORÂNCIA E VIOLÊNCIA

Nasci canhota, hoje sou ambidestra, mas não por opção. Na verdade, quando criança, estudei com uma professora, daquelas bem truculentas, que me obrigava a escrever com a mão direita.

Eu tinha apenas uns seis aninhos, mas jamais esqueci o susto, o medo e a vergonha que sentia quando ela (ou sua assistente) vinha sorrateiramente por trás, como se fosse apanhar uma presa ou surpreender um crime. De repente e com violência, batia no meu braço, enfurecida, chegando muitas vezes a rasgar o meu caderno; arrancava o lápis da minha mão esquerda e, com a mesma violência, o colocava na mão direita.

A humilhação doía mais do que as pancadas com aquela régua de madeira. O pior é que, além de ter que "engolir" o choro, eu recebia a severa recomendação de que não poderia falar sobre isso com meus pais, sob ameaça de me arrepender de ter nascido. O medo imperava, calando a todos. Na minha casa nunca fui repreendida por usar esta ou aquela mão, e sempre usei a mão esquerda para comer, pentear os cabelos, escovar os dentes, desenhar, pintar, escrever, tudo enfim, pois nasci canhota.

Na "sabatina", além das questões de matemática e português, tinha também uma inspeção nas unhas, ouvidos, cabelos e dentes das crianças. Qualquer resposta errada ou qualquer sujeirinha, um “bolo” de palmatória. Lembro que eu fechava os olhos na hora, para não ver a pancada nas mãozinhas dos coleguinhas (que não podiam chorar, é claro!), e ela me ameaçava de “ganhar” um “bolo” também, dizendo que todos tinham que olhar, para servir de exemplo.

Eu era uma criança tímida e bastante frágil, doentinha mesmo, mas que gostava muito de estudar. Sempre gostei. Inclusive, essa dita professora me achava tão adiantada que me mudou para a terceira série na metade do ano, ou seja, fiz dois anos em um. Todavia, naquele período, ir à escola era um terror para mim. Mesmo assim, eu não podia deixar a minha mãe perceber, tinha muito medo das ameaças. Acho que estudei lá durante um ano e meio, mais ou menos. Contudo, só muitos anos depois, já no final da adolescência, comentei o assunto em casa. Minha mãe ficou extremamente revoltada, querendo tomar satisfações com as duas tiranas. Pra quê? Já passou. Foi horrível, mas passou.

Fui condicionada, sob violência, a escrever com a mão direita. Minha letra, por muito tempo, ficou indefinida, “perdida”. Ora caía pra um lado, ora pra outro, e demorei bastante para equilibrá-la um pouco. Para isso, precisei fazer inúmeros exercícios de caligrafia durante toda a minha infância (eu os detestava!).

Minha mão direita não tem muita força, pois é utilizada mais para escrever. Tudo o mais continuo fazendo com a mão esquerda (que é forte, ágil e poderosa). Porém, quando por algum motivo preciso usá-la para escrever, a letrinha é exatamente igual àquela que ficou lá atrás, num período cinzento da minha infância. Hoje é dia do canhoto e eu nem sabia.

Jandira.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

PAPEL DE PAREDE

Encontrei esta imagem na internet e, imediatamente, me identifiquei com ela, pois é assim que me sinto e que me vejo de vez em quando, resistindo às intempéries e às agruras, na imensidão de um azul e branco lindo que, apesar de demonstrar um estado de profunda solidão, também reflete calma, serenidade, persistência, força, confiança e fé, além de causar uma sensação de muita paz.

A propósito, escolho o papel de parede do computador de acordo com o meu estado de espírito e com o momento que estou vivendo. E, sem dúvida, esta imagem é uma das que utilizo com mais frequência e por mais tempo.

Enfim, a pessoa que captou esta imagem, sem saber fez uma fotografia de mim, do meu estado d'alma mais comum. Por isso, peço licença e tomo a liberdade de colocá-la aqui. Afinal, de certa forma... sou eu.

Jandira.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

DEFINITIVAMENTE, PRECISO DORMIR

Ando um tanto quanto macambúzia, desencantada, cinza mesmo. Tenho muita coisa para fazer e nenhuma vontade de começar. As pendências já nem me angustiam mais como antes. Isso não é legal! Está cheirando a depressão, será? Não! Não deve ser, não pode ser. Preciso apenas dormir, dormir muito e profundamente. Faz décadas que não durmo de verdade, apenas cochilo. Estou sempre em estado de vigília, alerta constante.

Preciso dormir, desligar as antenas, relaxar, descansar. Estou tão cansada... Cansada de não dormir, de não desligar, de não reagir, de não... Preciso de um sono completo, natural e regenerador, até me reencontrar.

É possível até que, ao despertar de um sono profundo, descansada, refeita, inteira, finalmente eu reencontre motivação e alegria de viver; vontade de reagir, de tomar decisões, de realizar; desejo, disposição e inspiração para voltar a criar, a respirar a arte em sua plenitude, como antes, pois sempre me fez muito bem. Este vazio em que me encontro, há tanto tempo, está me descolorindo aos poucos. Ah, a propósito, não gosto do cinza. Definitivamente, preciso dormir!

Jandira.