Hoje faz 29 anos que o meu pai fez a grande viagem, foi habitar outras dimensões. Depois de tanto tempo, a dor da perda física já não incomoda tanto, mas a saudade...
Meu pai era um homem reservado, caladão, muito sério. E mesmo não sendo uma pessoa grosseira e violenta, de certa forma aquele seu jeito sisudo criava uma barreira invisível entre nós, os filhos, talvez até pela enorme diferença de idade. Às vezes dizia umas “loas”, umas piadas, e ria tanto, chegando a engasgar-se (eram raros esses momentos).
Absolutamente o oposto da minha mãe, que até hoje é dinâmica, com uma sede inesgotável de adquirir conhecimentos e muito apressada (quer tudo pra ontem!), meu pai não era afeito a movimentos, era tranquilo até demais. E assim viu a vida passar..., sem pressa. Para ele os prazos não tinham a menor importância, pois o tempo era apenas um detalhe. Enfim, era um cidadão pacato, de bom coração e sem grandes aspirações.
Sinto muita falta do meu pai, daqueles olhos de um azul brilhante, profundo, os mais belos olhos azuis que já vi. E como gostaria de voltar no tempo para dizer a ele que o amava muito e que lamento demais pelos altos papos que não tivemos; os grandes abraços que deixamos de trocar e as inúmeras palavras de carinho que, por conta da nossa timidez e daquela barreira invisível, ficaram presas na garganta com receio de sair.
Ao menos o azul do céu ficou mais bonito ao misturar-se com o lindo azul dos seus olhos, meu pai. Sua saída de cena deixou um grande vácuo no meu coração, mas sua imagem continua muito viva em minha alma. Saudades...
Jandira.
Janda, minha irmã querida, parabéns pela homenagem ao nosso pai! O texto está superlapótico... muito bacana. Sinto-me bastante orgulhoso quando leio os seus escritos. Espero, num futuro bem próximo, estar pedindo-lhe um autógrafo num livro de sua autoria. Só de imaginar fico tão ancho!!!
ResponderExcluirBeijos para si,
Carlos
Meu bem, você é demais.
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