quarta-feira, 9 de junho de 2010

ELE DEIXOU UM GRANDE VÁCUO

Hoje faz 29 anos que o meu pai fez a grande viagem, foi habitar outras dimensões. Depois de tanto tempo, a dor da perda física já não incomoda tanto, mas a saudade...

Meu pai era um homem reservado, caladão, muito sério. E mesmo não sendo uma pessoa grosseira e violenta, de certa forma aquele seu jeito sisudo criava uma barreira invisível entre nós, os filhos, talvez até pela enorme diferença de idade. Às vezes dizia umas “loas”, umas piadas, e ria tanto, chegando a engasgar-se (eram raros esses momentos).


Absolutamente o oposto da minha mãe, que até hoje é dinâmica, com uma sede inesgotável de adquirir conhecimentos e muito apressada (quer tudo pra ontem!), meu pai não era afeito a movimentos, era tranquilo até demais. E assim viu a vida passar..., sem pressa. Para ele os prazos não tinham a menor importância, pois o tempo era apenas um detalhe. Enfim, era um cidadão pacato, de bom coração e sem grandes aspirações.

Sinto muita falta do meu pai, daqueles olhos de um azul brilhante, profundo, os mais belos olhos azuis que já vi. E como gostaria de voltar no tempo para dizer a ele que o amava muito e que lamento demais pelos altos papos que não tivemos; os grandes abraços que deixamos de trocar e as inúmeras palavras de carinho que, por conta da nossa timidez e daquela barreira invisível, ficaram presas na garganta com receio de sair.

Ao menos o azul do céu ficou mais bonito ao misturar-se com o lindo azul dos seus olhos, meu pai. Sua saída de cena deixou um grande vácuo no meu coração, mas sua imagem continua muito viva em minha alma. Saudades...

Jandira.

2 comentários:

  1. Janda, minha irmã querida, parabéns pela homenagem ao nosso pai! O texto está superlapótico... muito bacana. Sinto-me bastante orgulhoso quando leio os seus escritos. Espero, num futuro bem próximo, estar pedindo-lhe um autógrafo num livro de sua autoria. Só de imaginar fico tão ancho!!!

    Beijos para si,

    Carlos

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