Gostaria imensamente de voltar a criar, a produzir como antes, quando eu sentia aquele desejo incontrolável de reproduzir todas as imagens que permeavam a minha mente. Imagens que eu via no chão molhado, na parede úmida ou bolorenta, nas nuvens etc. Eu descobria novas formas e imagens em tudo que se possa imaginar.
A arte saía pelos meus poros. E eu aproveitava qualquer tipo de material para criar, fazer composições (a chamada técnica mista), tudo tinha utilidade em minhas mãos: argila, madeira, arame, cordão, plástico, pó, sementes, grãos, penas, areia, pedra, fubá, macarrão, pregos, parafusos, papel, papelão, isopor, folhas secas, casca de frutas, metais, botões, canudos, massa, tintas (óleo, aquarela, guache, nanquim, tinta de carimbo, de mimeógrafo etc.), batom, esmalte, lápis tinta, lápis de cor, grafite, carvão, cera, tecido, pastel, cola, enfim, qualquer coisa, nada se perdia.
Além da pintura, eu esculpia, moldava, inventava, criava novas formas, novas leituras. Assim, produzi muito até 1994, quando realizei minha última exposição individual na UFPB. Não sabia que seria a última. O fato é que já faz 15 anos que não consigo mais desenhar, pintar, esculpir, nem mesmo rabiscar... Nada! Bloqueio total e inexplicável!
Não sei onde foram se esconder minhas habilidades artísticas, minha inspiração, meu desejo criativo. E, confesso, sinto-me mais pobre desde então. Todavia, apesar do vácuo doloroso e desesperador que restou e da saudade enorme daquele tempo, ainda tenho esperanças de despertar e voltar a ser movida pela arte, como era antes.
Jandira.
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