sexta-feira, 31 de julho de 2009

A VERDADEIRA AMIZADE

A amizade é uma das formas de amar mais sólidas, pois é um amor desinteressado, sereno, doce, fraterno. É um amor perene, como um rio caudaloso e calmo que encontra o mar e o abraça, mesmo quando ele (o mar) está bravo e violento. Assim é o amigo verdadeiro, sempre de braços abertos para acolher, sempre pronto para ouvir, aconselhar, confortar, advertir e até dar bronca, quando necessário.

O verdadeiro amigo sabe quando o outro precisa de uma palavra ou prefere o silêncio; sente-se feliz com o sucesso do outro e sofre junto nos momentos de infortúnio; não tem inveja, não trai, não ofende nem “puxa o tapete”.

É muito bom ter um amigo leal, companheiro, realmente merecedor da nossa total confiança. E eu sou uma pessoa privilegiada, pois tenho três amigos de verdade. Amigos, na mais real e completa acepção da palavra. Nesta foto da minha segunda formatura, apareço com a minha melhor amiga - Djanete, minha irmã querida, filha da minha madrinha Inácia que, infelizmente, já nos deixou.

Djan e eu quase nascemos juntas, mas eu vim dois anos antes dela. Crescemos juntas, brincamos e brigamos na infância; confidentes e até pombo-correio na adolescência. Djan sempre esteve por perto, mesmo quando estávamos distantes. Passamos por momentos muito bons (quando ela foi campeã brasileira de judô, por exemplo), e outros bem difíceis (quando recebi a notícia da morte do meu pai, ela estava ao meu lado, dando-me força).

Hoje somos mulheres maduras, cada uma com seus probleminhas, seguindo o curso da nossa vida (estressada ou não) e, por conta do corre-corre, das responsabilidades e até mesmo da indisposição para sair, nos vermos muito pouco. Todavia, de alguma forma estamos sempre em contato, e a nossa amizade continua como sempre foi: sólida e perene.

Jandira.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

SOMBRA E LUZ

Estou com saudade dos dias azuis, ensolarados, coloridos; sem frio, sem alergias, sem bolor, sem tanta umidade. Nos dias chuvosos, cinzentos, meus olhos ficam tristonhos, sem brilho. Parece até que sou “movida a sol”.

Mesmo tendo convicção da importância e da necessidade da chuva, que é vida, sempre a vejo como se a natureza estivesse chorando. Choro que pode ser de alegria, de tristeza, ou representar uma limpeza, uma purificação, mas um choro.

Também não gosto do final do dia, quando as coisas parecem perder as cores, ficando tudo escuro. É melancólico e fico jururu.

Já o amanhecer brilhante, iluminado, ensolarado, amarelo-ouro e azul é um espetáculo fascinante, maravilhoso, um show de beleza e fulgor. É como se toda a natureza estivesse despertando sorridente naquele momento lindo. Um presente que recebemos de Deus todos os dias e sequer nos lembramos de agradecer.

Jandira.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

FALTA DE RESPEITO

O que significa falta de respeito? A minha opinião é a seguinte: a fome, o descaso, o abandono, o desprezo, a ofensa, o autoritarismo, a violência, a traição, a imposição, a desatenção, a grosseria, a subserviência, o desperdício, a falta de educação, de bom senso, de companheirismo, de consideração, de solidariedade, de amor próprio; não cuidar, não ouvir, não admitir os erros, não pedir desculpa, negar socorro, cercear os direitos, causar constrangimento, causar desconforto, menosprezar, enganar, humilhar, maltratar, perturbar, bisbilhotar, atrapalhar deliberadamente, falar da vida alheia, ferir verbal ou fisicamente, desvalorizar, enfim, tudo isso (e muito mais) se configura como falta de respeito.

Às vezes, mesmo sem que percebamos, de alguma forma faltamos com respeito ao nosso semelhante. Portanto, devemos ter um pouco mais de atenção e cuidado com os nossos atos e, insisto, sempre nos colocando no lugar do outro, pois ninguém gosta de ser desrespeitado, não é mesmo?

Jandira.


sexta-feira, 17 de julho de 2009

BLOQUEIO

Gostaria imensamente de voltar a criar, a produzir como antes, quando eu sentia aquele desejo incontrolável de reproduzir todas as imagens que permeavam a minha mente. Imagens que eu via no chão molhado, na parede úmida ou bolorenta, nas nuvens etc. Eu descobria novas formas e imagens em tudo que se possa imaginar.

A arte saía pelos meus poros. E eu aproveitava qualquer tipo de material para criar, fazer composições (a chamada técnica mista), tudo tinha utilidade em minhas mãos: argila, madeira, arame, cordão, plástico, pó, sementes, grãos, penas, areia, pedra, fubá, macarrão, pregos, parafusos, papel, papelão, isopor, folhas secas, casca de frutas, metais, botões, canudos, massa, tintas (óleo, aquarela, guache, nanquim, tinta de carimbo, de mimeógrafo etc.), batom, esmalte, lápis tinta, lápis de cor, grafite, carvão, cera, tecido, pastel, cola, enfim, qualquer coisa, nada se perdia.

Além da pintura, eu esculpia, moldava, inventava, criava novas formas, novas leituras. Assim, produzi muito até 1994, quando realizei minha última exposição individual na UFPB. Não sabia que seria a última. O fato é que já faz 15 anos que não consigo mais desenhar, pintar, esculpir, nem mesmo rabiscar... Nada! Bloqueio total e inexplicável!

Não sei onde foram se esconder minhas habilidades artísticas, minha inspiração, meu desejo criativo. E, confesso, sinto-me mais pobre desde então. Todavia, apesar do vácuo doloroso e desesperador que restou e da saudade enorme daquele tempo, ainda tenho esperanças de despertar e voltar a ser movida pela arte, como era antes.

Jandira.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Desabafo de A a Z

Amor, ansiedade, angústia, abandono, atenção, aconchego, alimento, atitude
Beleza, beijo, brasa, bobagem, bagunça, base, brinquedo
Carência, carinho, compreensão, companheirismo, cumplicidade, confiança
Desilusão, desencanto, decepção, dor, desejo, dedicação, dignidade
Estímulo, edificação, estima, escolha, espera, esperança, equilíbrio
Felicidade, fragilidade, ferida, firmeza, falta, frio, fim
Gosto, gostosura, gesto, generosidade, gelo, gravidade
Honradez, hombridade, humanidade, harmonia, habilidade, história
Infelicidade, inteligência, interação, introspecção, ideal
Juventude, jovialidade, jeito, justiça, juras, juramento
Limite, lágrimas, lamúria, loucura, luz
Motivação, movimento, mergulho, marasmo, migalhas, melhora, medo
Necessidade, negligência, novidade, natureza, nulidade, negativa
Orgulho, ousadia, oportunidade, otimismo
Pendências, prazer, pedido, privação, protesto, prudência, perdão
Querer, questionamento, queda, quantidade, qualidade
Renascer, rever, reviver, realizar, revigorar, razão
Solidão, silêncio, saudade, súplica, solidez, sentimento, sonho
Ternura, tato, tempo, tristeza, tortura, teima
União, unidade, utopia
Vontade, verdade, valorização, vazio, vida
Xeque, xodó, xongas
Zelo, zerar.

Jandira

sábado, 11 de julho de 2009

FALTA DE EDUCAÇÃO

Tem coisa mais desagradável do que a falta de educação? Eis alguns exemplos que devemos evitar:

1. jogar lixo na rua (papel, sacos plásticos, casca de fruta, ponta de cigarro etc.);
2. jogar papel nas pias e ralos, entupindo-os;
3. falar muito alto ou aos gritos;
4. falar palavrões o tempo todo;
5. falar de boca cheia ou “chuviscando” no outro;
6. não saber ouvir;
7. não pedir desculpa;
8. não agradecer;
9. não pedir por favor;
10. não ceder o lugar aos mais velhos, às mulheres grávidas ou com criança de colo e aos deficientes;
11. não reconhecer os erros;
12. não pedir licença (para entrar, sair, passar etc.);
13. não cumprimentar quando chega, nem se despedir quando sai;
14. impor a opinião;
15. querer ser o dono da verdade;
16. ser indelicado, grosseiro;
17. ser insistente e cansativo;
18. ser inconveniente;
19. menosprezar o outro;
20. atender mal;
21. fumar perto de quem detesta fumo;
22. bater o telefone quando percebe que ligou errado;
23. ouvir música no último volume (geralmente, de péssimo gosto), incomodando os outros;
24. furar fila;
25. causar constrangimentos;
26. fazer baderna, arruaça;
27. fazer fofoca;
28. fazer intrigas;
29. fazer barulho onde o silêncio é necessário;
30. fazer de tudo para “puxar o tapete” do outro;
31. zombar dos outros;
32. “alugar” o ouvido do outro ao telefone;
33. ligar em horário inconveniente para conversar besteiras;
34. perturbar os vizinhos;
35. deixar o outro falando sozinho;
36. dar maçada propositalmente;
37. dar informação errada deliberadamente;
38. levar o cachorro para sujar as ruas e as calçadas alheias;
39. colocar o lixo na calçada do vizinho;
40. usar o sanitário e não “dar” descarga;
41. mexer nos pertences do outro sem autorização;
42. meter-se onde não é chamado ou convidado;
43. desqualificar o produto (ou o trabalho) do outro para "vender" o seu;
44. cometer erros e atribuí-los aos outros.
45. desperdiçar (água, energia, alimentos, material de expediente etc.).

Chega! Espero que as pessoas procurem evitar estas faltas e tomem consciência de que a falta de educação e a falta de respeito andam coladinhas. Alguém quer ser desrespeitado? Obviamente que não! Então? É só nos colocarmos no lugar do outro, antes de qualquer atitude inadequada, e imaginar como nos sentiríamos se fosse conosco.

Jandira.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

E ASSIM SERÁ, POR TODOS OS SÉCULOS

Um dia, não sei quando, nossos olhos se encontraram. Naquele momento, sem que percebêssemos, tivemos o coração sumariamente invadido e tomado, as almas aprisionadas uma à outra, para sempre.

Parece muito tempo, não é? Mas, o que é o tempo? Por quantas vidas já passamos? Não tenho respostas, apenas a certeza de que, mesmo quando fisicamente separados, continuaremos juntos. Na lembrança, na saudade, na expectativa do retorno, no desejo incontido, na emoção do encontro, na realização dos sonhos...

Tempo, distância, caminhos antagônicos, princípios morais, conflitos pessoais e emocionais, convenções sociais, nada, enfim, poderá mudar o que está gravado nas tábuas, nos oráculos do nosso destino. Assim, morreremos e renasceremos a cada dia, nos encontrando sempre a cada vida... Por toda a eternidade.

Jandira.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

O DESCASO COM O SERVIDOR PÚBLICO

A sociedade costuma ver o serviço público como uma vaca de tetas generosas, com servidores ganhando rios de dinheiro e sem trabalhar. Mas ninguém conhece o que realmente acontece nas instituições públicas. É muito fácil e cômodo criticar uma classe, sem sequer procurar conhecer a sua rotina de trabalho.

A propósito, apenas uma minoria dos servidores públicos ganha muito bem (especialmente nos quadros do legislativo e judiciário). Porém, a grande maioria (boa parte dos servidores do poder executivo) só não está em situação pior que a dos assalariados, mas sobrevive fazendo verdadeiros malabarismos, na tentativa de proporcionar à família uma vida melhor e mais digna. Muitas vezes, sacrificando a saúde e até a própria existência.

É bem verdade que em todo lugar existem aqueles picaretas que ganham à custa da exploração dos colegas, o que é lamentável. Enquanto uns trabalham muito, outros se escoram e, de fato, ganham fazendo quase nada. Mesmo assim não devemos generalizar, pois em toda regra há exceção.

A realidade do serviço público é cruel e desumana. O servidor não tem o menor estímulo para crescer profissionalmente; tem que ser bastante criativo, pois, muitas vezes não dispõe de ambiente e materiais adequados e trabalha na base do improviso; não tem direito de escolher um setor no qual se enquadre melhor (na Constituição está escrito que “todo cidadão tem o direito de ir e vir”; obviamente, esqueceram de completar que isso só vale para alguns privilegiados); sofre com a falta de companheirismo, cooperação e calor humano, e definha diante da quase total falta de atenção e compreensão dos "superiores", que só estão interessados na execução dos trabalhos, não importando como e a que custo o servidor conseguirá realizá-los.

O pior é que o saldo desse descaso é o "tombamento" de abnegados guerreiros, dia após dia, diante dos olhos daqueles que poderiam fazer alguma coisa para impedir perdas tão precoces, e que nada fazem. Parece até que o servidor esforçado, responsável e competente não passa de mais um equipamento útil; esquecem até que, assim como os equipamentos, esses "objetos" humanos também precisam de manutenção para continuar funcionando bem.

No dia 04/07/2002, o Campus I da Universidade Federal da Paraíba registrou mais uma baixa no seu quadro de servidores técnico-administrativos: o Programa de Pós-Graduação em Letras/CCHLA perdeu a sua secretária (muito competente, responsável e abnegada) que, estressada e esgotada pelo excesso de trabalho, sofreu um acidente cerebral e nos deixou, aos 42 anos. Será que alguém percebeu que seus olhos e seu corpo pediam socorro, clemência? Este é apenas mais um exemplo do descaso e da falta de amor ao próximo.
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Há sete anos (julho/2002) fiz este “desabafo” em memória de Socorro, colega de trabalho que faleceu muito, muito precocemente. Algumas coisas mudaram de lá pra cá, mas ainda estamos bem longe do ideal.

Jandira

quarta-feira, 8 de julho de 2009

A FALTA DE COMPROMISSO DA MÍDIA


A televisão, sendo um dos maiores meios de comunicação de massa, além do caráter informativo e de entretenimento, deveria cumprir, também, o papel de instruir os telespectadores. Infelizmente, porém, o que a programação nos oferece é um verdadeiro festival de vícios de linguagem, erros primários (de concordância, por exemplo), uma total falta de respeito com a nossa língua. E, como geralmente as pessoas costumam copiar muito mais os defeitos que as virtudes, o mal se propaga como uma epidemia, tornando-nos um povo culturalmente muito mais pobre e cada vez mais subserviente. Nas revistas e jornais, então, é gritante a falta de compromisso com a língua e com o leitor (obviamente, com algumas exceções).

Expressões do tipo: “pra mim fazer”, “pra mim ver”, “pra mim ler” (Ô, ô! quem LÊ, certamente não fala ou não deveria falar assim!), “entrega à domicílio” (e ainda com crase!), dentre tantas outras, já são corriqueiras. Agora inventaram um gerúndio de mau gosto (especialmente as empresas de telemarketing) que, como tanta coisa ruim neste nosso pobre berço varonil, caiu no gosto popular e virou moda. Não sei quem teve a infeliz ideia de criar isso: “vou estar passando a sua ligação...”, “vou estar retornando a sua ligação...”, “vou estar fazendo...”, “vou estar mandando...”, “vou estar comunicando...”. É tortura para os ouvidos, mas pegou. E é realmente lamentável que as pessoas (pasmem!), até no meio universitário, engrossem cada vez mais o bloco dos descompromissados com a nossa língua, tais quais “títeres”, digamos assim, e saiam por aí repetindo: "vou estar levando...", "vou estar trazendo...", "vou estar isso...", "vou estar aquilo...". Céus! É demais!

E a mania de colocar nome estrangeiro em tudo? Céus! É nome estrangeiro nos filhos (mesmo sem saber pronunciar), nos animais de estimação, nas empresas, lojas, escolas, bancos, clínicas, bares e até nos fiteiros e em bancas de feira (é mole?). Ainda há aqueles que, querendo aparecer, dizem: “vou fazer uma tour na empresa”, “fazer um up...”, e mais uma porção desta “salada” indigesta. Ai, ai, que tristeza!

Jandira

domingo, 5 de julho de 2009

NOSSA LÍNGUA, NOSSO PATRIMÔNIO

A língua é um dos maiores patrimônios culturais de um povo. Em alguns países, a língua nata é tida como algo muito valioso, um verdadeiro tesouro.

Aqui no Brasil, lamentavelmente, há uma enorme falta de compromisso com a nossa língua. Mas é tão grande esse "descompromisso" que até mesmo alguns educadores chegam ao cúmulo de afirmar que, não sendo eles professores de português, não precisam falar e escrever corretamente. Não é um absurdo?

Na verdade, ninguém é obrigado a saber falar e escrever de acordo com a norma-padrão, afinal, nem todos têm acesso a ela. Todavia, ao contrário do que muitos pensam, podemos nos expressar bem, com clareza e objetividade, dispensando, inclusive, as chamadas "palavras difíceis".

O hábito da leitura é o primeiro passo. A propósito, uma boa leitura, além de nos fazer viajar nas asas da imaginação, ainda é o melhor exercício para um aprendizado eficaz. O mais importante, contudo, é a consciência do compromisso que devemos ter com a nossa língua. Isso nos levará a um cuidado maior, um policiamento, como um sininho que avisará quando for cometido um deslize contra esta "Flor do Lácio", tão rica, tão bela e tão jogada às traças.

Não tenho a pretensão de ensinar português, quero apenas chamar a atenção do leitor que tem acesso à norma-padrão, para que procure evitar os vícios de linguagem, as gírias e os modismos que servem apenas para desvirtuar cada vez mais este nosso patrimônio. Vamos tentar?

Jandira

sábado, 4 de julho de 2009

O HÁBITO DA LEITURA

Escrever é tão difícil, pois nem sempre conseguimos encontrar as palavras que podem exprimir exatamente o que estamos sentindo ou tentando transmitir. É através do hábito da leitura (a boa leitura, obviamente!) que aprendemos a utilizar, a manejar as palavras, de modo que possam traduzir o nosso pensamento.

E por falar em hábito da leitura, durante a minha infância vi minha mãe (sempre ela, maravilhosa!), por diversas vezes, comprar livros e boas revistas pelo reembolso postal. Isso porque na terrinha onde nasci (Itabaiana-PB), como na maioria das cidades do interior do Brasil, não tinha biblioteca pública e a livraria existente vendia basicamente material escolar e pouquíssimos livros.

Crescemos (meus irmãos e eu) vendo a nossa mãe administrar o seu tempo tão atribulado entre os cuidados e a educação dos seis filhos pequenos, as tarefas domésticas, o trabalho profissional e a dedicação à leitura (que exemplo admirável!). Nosso pai também costumava ler, principalmente jornais, todavia, bem menos que ela.

No chamado Dia das Crianças éramos levados à livraria onde tínhamos a liberdade de escolher os livros infantis que nos interessassem. A euforia era tanta que nem sentíamos falta de brinquedos. Uma verdadeira festa literária. Também líamos gibi, é claro! Onde já se viu criança não ler gibi?

A minha mãe foi e continua sendo a nossa grande incentivadora no gosto pela leitura. Sem dúvida, um exemplo e tanto! A propósito, ela continua lendo bastante, todo dia. Acredito que a mamãe já leu mais do que muitos alunos e até professores universitários, e livros dos bons, hein! Inclusive, grandes clássicos da literatura universal (sério, minha mãe não é demais?).

Sempre começo meu dia lendo, pelo menos umas dez ou vinte páginas de um bom livro e, na falta de algo interessante para ler, faço palavras cruzadas para suprir a lacuna da leitura. É muito legal!

Jandira

sexta-feira, 3 de julho de 2009

"DENTRO" DAS CORES

Ainda era muito, muito criança quando me senti completamente atraída pelas cores e pelas formas. Lembro que minha mãe tinha uns copos de vidro de um azul lindo, outros rosa com linhas douradas. Aquelas cores com aquele brilho me encantavam de tal forma, que o meu grande desejo era estar literalmente “dentro” delas (das cores, não dos copos). Eu era uma garotinha de três ou quatro aninhos apenas, mas lembro e ainda sinto aquela sensação quase êxtase quando contemplava as cores, absolutamente enfeitiçada.

Quando ia à missa com a minha vovó, não via o tempo passar. Ficava distraída, olhando as imagens dos santos, da via crucis, os entalhes das portas, o altar... e os vitrais então? Aliás, eu insistia sempre para sentar no lugar onde o reflexo das cores dos vitrais ficasse sobre nós. Era uma maneira de me sentir “dentro” das cores.

Passei a utilizar tudo que gerasse cor quando comecei a rabiscar: esmalte, batom (a caixa de maquiagem da mamãe era um verdadeiro tesouro em minhas mãozinhas inocentes), caco de telha, carvão, sumo de casca de laranja, de folhas, lápis de cor, a caneta-tinteiro do meu pai, dentre tantas outras coisas. Minha mãe, muito sábia e também muito criativa, providenciava cadernos de desenho, livros velhos com gravuras em preto e branco, enfim, tudo que pudesse suprir, dentro das nossas parcas posses, a minha enorme vontade de desenhar e pintar. Ela também desenhava nas paredes, no chão de cimento da nossa casa, na areia do quintal, e tudo isso me incentivava sobremaneira. Aliás, a minha mamãe é o máximo!

Depois de desenhar e pintar em tampas de caixa de sapato, capas de livros e cadernos, qualquer pedaço de papel e até em folhas secas de castanhola, com uma produção tão grande que já não cabia nas gavetas, a mamãe tomou a iniciativa de mostrar tudo aquilo ao Coronel Raul (artista
plástico admirável), diretor e dono da escola onde fiz o 2° grau, hoje chamado de ensino médio.

O Cel. Raul Geraldo de Oliveira me introduziu no mundo das belas artes, através de álbuns, obras de arte, livros e apostilas, além dos seus ensinamentos sobre perspectiva, ponto de fuga, sombra e luz, tipos de tintas, pincéis, e tudo com uma paciência paternal. Foi sob a orientação dele que pintei este meu primeiro trabalho artístico mais elaborado, óleo sobre tela. Pintei-o em fevereiro de 1974 quando tinha apenas 14 anos. Ainda tenho muito para falar sobre a ARTE em minha vida. É uma longa história.

Jandira
nucoli@yahoo.com.br

quinta-feira, 2 de julho de 2009

“SESSÃO TORTURA” NECESSÁRIA

O câncer de mama mata, a cada ano, um número assombroso de mulheres.
A forma mais segura de detectar este mal é através da mamografia e, quanto mais cedo for detectado e iniciado o tratamento, maiores as chances de cura.

Sem dúvida, este exame é bem incômodo, mas de extrema importância. E deve ser feito anualmente. Nós, mulheres, não podemos relaxar. Precisamos estar atentas, vigilantes, pois é a nossa vida que está em jogo.

Deus caprichou quando fez a mulher, dotando-a de uma capacidade incrível para suportar a dor, afinal, são tantas as dores que sofremos pela vida afora.

Cuido-me muito, a propósito. Hoje, por exemplo, como acontece anualmente, passei por mais uma “se
ssão tortura” (é como me refiro à mamografia) e, apesar do incômodo do exame, já passou. Graças a Deus e, como sempre, está tudo bem comigo.

Contudo, aqui pra nós, na próxima encarnação pretendo voltar homem, para dar uma folguinha ao corpo. Aliás, seria interessante que houvesse sempre um rodízio, não é mesmo?

Jandira

quarta-feira, 1 de julho de 2009

MOMENTO ÚNICO

Um olhar penetrante
abre uma fenda
nas muralhas
de um coração.

Néctar
delírios
sussurros
feitiço
loucura.

O toque da pele
excitação permanente...
desejos.

Uma folha flutua no ar
harmonia e cumplicidade
conflitos entre a razão
e a emoção
fantasias.

Um sonho
e um despertar distante.


MOMENTO ÚNICO (Releitura)


Um olhar fenda
um coração.

Sussurros
delírios
feitiço
loucura
néctar.

O toque da pele...
permanentes desejos,


no ar
uma folha


harmonia e cumplicidade

fantasias.
.
Um sonho...
despertar distante.

Jandira