quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O FANTASMA DA TIMIDEZ

Bem mais evidente durante a infância e a adolescência, o fantasma da timidez me acompanha desde sempre. Tanto assim que, de fato, ainda fico corada quando tenho que falar para uma plateia.

Não foi fácil encarar os diversos seminários no decorrer dos cursos que fiz, além das palestras ou eventos em que precisava discursar ou mesmo dizer apenas algumas palavras.

Mas, por incrível que pareça, à exceção dos quinze minutos iniciais da primeira aula de inglês que ministrei (no colégio onde cursei o 2º grau), sempre me senti à vontade em sala de aula quando exerci a docência. Eu era literalmente tomada por uma sensação especial de entusiasmo, desenvoltura e prazer que me fazia esquecer tudo, inclusive a timidez.


Comecei a lecionar muito cedo, mais precisamente aos 14 anos. Ensinei crianças, adolescentes e adultos; dei aulas de reforço escolar (todas as disciplinas), datilografia, inglês e educação artística; ministrei cursos de aperfeiçoamento para professores da rede pública e privada. E, graças a Deus, a timidez nunca chegou a atrapalhar o meu desempenho no magistério ou em qualquer outra profissão que exerci (e ainda exerço), apesar de incomodar em outras áreas e em outros momentos.

Sinceramente, gostaria de ser mais extrovertida, menos comedida, mais audaciosa mesmo. Fico procurando as palavras para não magoar as pessoas e, muitas vezes, “engulo” calada situações e desabafos infelizes que me entristecem sobremaneira.

E não são raras as vezes em que deixo de dizer o que estou pensando e sentindo, de expor meu ponto de vista, falar das minhas insatisfações, desejos e sonhos tão reprimidos. É aí que a timidez tortura, sufoca, dificulta mais. Por isso, minha constante luta contra esse fantasma desagradável e antipático não tem sido fácil, mas até já contabilizo algumas vitórias.

Jandira.

2 comentários:

  1. Muito bom, realmente, há momentos em nossas vidas em que o silêncio nos torna reféns de nossas culpas e tornam nossas cargas muito mais pesadas e difícieis de serem administradas. Entretanto há momentos em que o silêncio é sabedoria, não jogo, mas muitas palavras precisam ser ditas apenas nas horas precisas e certas...
    Muitos beijos no coração...

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  2. Cara Jandira, gosto de ler o que escreve. Saiba, todavia, que até mesmo nos momentos que resolve mostrar eventuais "fraquezas" suas, continua sendo bastante cativante. Com efeito, minha amiga, nunca considerei a timidez um "problema" no sentido forte do termo. Até a acho muito charmosa, assim como as características de quem é desajeitado ou atrapalhado (essas duas últimas não mencionadas por você). É muito chato deixar aprisionar-se com um sentido somente negativo dessas coisas que, para o brilhante poeta Mário Quintana, são apenas formas e não degraus do ser. Um forte abraço. Ah, adorei as fotos de seus familiares!

    Marcelo Avelino Soares

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